__________________________________________________________________________________________________________________Dedicado à digitalização e indexação de documentos oficiais dos EUA relacionados ao Brasil entre os anos 1960 e 1980, Opening the Archives propõe fornecer fontes primárias importantes ao público. Pesquisadores estudantis, sob a liderança do professor James N. Green, escanearam milhares de registros das bibliotecas presidenciais de John F. Kennedy, Lyndon Johnson, Richard M. Nixon, Gerald Ford, Jimmy Carter e Ronald Reagan, bem como do Departamento de Estado, USAID, o Peace Corps, entre outras instituições e organizações. Com o objetivo de publicar 50.000 documentos, o projeto reflete o compromisso profundo da Brown University de se tornar o melhor lugar para estudar o Brasil nos Estados Unidos.



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Presidente João Goulart sofreu um golpe de estado e entrou para o exílio em Uruguai.

Em 1964, um grupo de generais com o apoio de civis e dos Estados Unidos derrubaram o governo legítimo do Brasil e iniciaram vinte e um anos de governo autoritário. No contexto da Guerra Fria, o governo americano e militares brasileiros temiam os apelos reformistas e os supostos laços comunistas do presidente João Goulart. O governo Lyndon B. Johnson apoiou o golpe de estado, oferecendo apoio diplomático e financeiro ao novo regime.

Humberto de Alencar Castelo Branco foi o primeiro de cinco generais a ser presidente do Brasil durante a ditadura.

                                                                                        Opening the Archives contém centenas de documentos das bibliotecas presidenciais de John F. Kennedy e Johnson com uma grande quantidade de informações sobre as avaliações dos EUA sobre Goulart, a situação no Brasil a partir do início da década de 1960, e as deliberações sobre um possível golpe contra Goulart, bem como a sua remoção definitiva em 1964. Juntos, essas fontes servem para ilustrar a perda de confiança dos EUA em Goulart ao longo do tempo. Goulart chegou a ser visto como confuso, conivente, conspirador e incompetente entre observadores Americanos em Washington e no Brasil. Com o sucesso da revolução cubana em 1 de janeiro de 1959, os Estados Unidos se preocuparam com o destino do Brasil, o país mais importante e influente da América Latina. A agenda reformista de Goulart custou-lhe o apoio dos militares e alarmou conservadores que já desconfiavam dele. O apoio americano ao golpe foi importante, mas não decisivo. A queda de Goulart foi assegurado por atores brasileiros.

Protestos dos sindicatos e dos estudantes, bem como a contínua crítica de jornalistas e políticos da oposição, levaram o regime a endurecer em 1968.

Opening the Archives contém milhares de documentos sobre os primeiros anos do governo militar, incluindo análises sobre o caráter do novo regime, seu potencial como aliado dos EUA na Guerra Fria, sua capacidade de promover a estabilidade política e o desenvolvimento econômico. O regime foi autoritário desde o início mas buscou manter um ar de legitimidade democrática para evitar a reputação pejorativa de uma ditadura militar. No final de 1968, o surgimento de forças de oposição legais e radicais levou o regime a intensificar a repressão, a censura, e a tortura para silenciar críticas ao regime. No início da década de 1970, o Brasil tornou-se conhecido internacionalmente pela violação flagrante dos direitos humanos. Opening the Archives é um fundo rico para quem procura entender como o governo dos Estados Unidos lidou com a imagem pública do regime militar brasileiro. A coleção contém milhares de documentos sobre a tortura, desenvolvimento econômico, resistência armada, repressão política, assistência dos EUA, entre outros assuntos.

Jimmy Carter com Ernesto Geisel em março de 1978.

Como revelam os documentos contidos nesta coleção, algumas figuras do governo americano expressaram resalvas sobre a natureza autoritária do regime militar brasileiro. No entanto, Washington geralmente apoiou a ditadura durante a década de 1960 e no início da década de 1970.

Opening the Archives é especialmente valioso para entender os cálculos políticos e diplomáticos que determinaram a posição americana em relação à situação do Brasil. A coleção também permite que pesquisadores observem a mudança na política dos EUA em relação ao Brasil no final da década de 1970, quando o governo americano passou a usar os direitos humanos como um critério para determinar se apoiaria ou não os regimes militares em todo o mundo. Esta nova abordagem produziu tensões entre o governo Jimmy Carter (1977-1981) e General Ernesto Geisel (1974-1979).

Líderes políticos exigindo eleições diretas em 1984.

Como parte do retorno lento para a democracia no final da década de 1970, o regime brasileiro aprovou uma Lei de Anistia que libertou os presos políticos mas também protegeu as autoridades envolvidos na tortura de qualquer responsabilidade. Opening the Archives apresenta centenas de documentos contendo avaliações do governo americano sobre o sistema político pós-ditadura no Brasil, problemas econômicos, e movimentos sociais. Durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2003), o estado brasileiro começou a oferecer indenizações monetárias a indivíduos que podiam provar a responsabilidade do regime militar em sua prisão e tortura ou sua perda de emprego durante a ditadura. No entanto, ninguém envolvido na morte de 400 indivíduos por agentes do Estado ou na prisão e tortura de cerca de 30 mil dissidentes foi responsabilizado criminalmente por suas ações.

Milhões de pessoas foram às ruas em 1984 para protestar contra o regime e exigir eleições diretas. No fim, a campanha falhou.

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